tr?id=1902345913565961&ev=PageView&noscript=1 Repressão e desenvolvimento da sexualidade

Blog

O melhor conteúdo da internet sobre psicanálise

Repressão e desenvolvimento da sexualidade

Repressão e desenvolvimento da sexualidade

Por Tuca Guarnieri - 

Nos três ensaios da sexualidade, Freud abordou as questões sexuais, teorizando-as a partir do que ele considerava ¨normal¨ em relação à sexualidade. Começou pelas aberrações e perversões, passou para a sexualidade infantil e por fim a sexualidade na vida adulta. Trouxe à luz da psicanálise as questões do reprimido/recalcado sob um novo olhar.  Descreve o conceito de sexualidade como tudo o que dá prazer, e ao prazer tudo o que ultrapassa a necessidade, aquilo que está acima da satisfação.

A libido na teoria de Freud, refere-se a energia psíquica que está associada a sexualidade humana. Ela está presente desde o nascimento e impulsiona o desenvolvimento psicossexual da criança.

No 1º ensaio, Freud categoriza a sexualidade ¨normal¨ como sendo a relação homem versus mulher que visa a relação sexual (pênis/vagina). Desta forma, existe um objeto sexual (parceiro) e a meta sexual que é a ação que consuma o ato sexual visando a procriação.

 Nesta abordagem, Freud definiu como perversão tudo o que desvia o objeto da meta. De acordo com o conceito de perversão, estão os comportamentos sexuais adultos que fogem daquilo que já havia categorizado como ¨normal¨, buscando um aprofundamento na origem dos desvios. Abordou nessas questões da perversão se os desvios seriam inatos ou adquiridos.

 Afirmou a bissexualidade como sendo inata pois o ser humano busca o prazer independente de qual seja o objeto sexual.  Outros comportamentos abordados como o homossexualismo (invertidos), zoofilia, pedofilia, sadismo, masoquismo, fetichismo, foram amplamente explorados e classificados como perversão. Todas as perversões tem como característica o desvio do objeto.

Freud na elaboração de sua teoria, relaciona que tanto os neuróticos como as pessoas ¨normais¨, trazem nas configurações de seus desvios um caráter determinado por manifestações da sexualidade infantil. 

No 2º ensaio Freud abordou a sexualidade infantil passando pelas fases do desenvolvimento psicossexual infantil, enfatizando o desenvolvimento da libido.  A libido é a energia que sustenta a pulsão. A pulsão é a busca pelo prazer sexual.

No ensaio Freud define a criança como egoísta, perversa e polimorfa. Egoísta porque seu prazer é autoerótico, perversa pois tem prazer com seu próprio corpo, o que caracteriza para Freud a perversão, e polimorfa porque obtém prazer através de várias partes do corpo.

Estabeleceu também as fases da organização sexual da criança no seu desenvolvimento.

A primeira delas é a fase oral. Na fase oral, a criança obtém prazer pela amamentação. Nesta fase a criança experimenta o prazer para além da necessidade de nutrição, concentrando a libido na boca, ou seja, no ato de sugar.

A segunda fase é a anal. Nessa fase a mucosa intestinal se apresenta como zona erógena. Nela se dá o apoderamento pela musculatura do corpo, ou seja, o controle do próprio ânus.

A terceira fase do desenvolvimento sexual é a fálica. Nessa fase a zona erógena é a genitália, onde se concentra a libido. Nessa fase a criança toma consciência do seu corpo e do corpo dos outros por meio da observação dos órgãos genitais. Desenvolve um desejo incestuoso pelos genitores que Freud chamou de complexo de Édipo.

 A criança por meio da descoberta da diferença dos órgãos sexuais, desenvolve o que Freud chamou de complexo de castração. O complexo de castração caracteriza-se pelo medo (inconsciente) do menino em perder seu pênis, pois na descoberta das diferenças dos órgãos sexuais, assume que o pênis da menina foi cortado, a menina por sua vez inveja o pênis do menino. A castração torna-se mais forte para o menino quando no Édipo sente desejo pela figura da mãe e acredita que o pai, seu rival irá cortá-lo como punição.

No 3º ensaio, Freud aborda o período de latência que ocorre após os 6 anos até a puberdade. Durante esse período do desenvolvimento psicossexual, a libido fica adormecida e é direcionada para outras atividades como as sociais, os estudos, esportes. É um momento de consciência social. Nessa fase, a criança por conta dessa tomada de consciência, começa reprimir as lembranças sexuais. Inicia-se o processo de amnésia infantil. Nesse processo, toda atividade sexual vivida por ela, assim como lembranças, fatos traumáticos são reprimidos no inconsciente.

Após o período de latência, Freud descreve a fase genital como a última fase do desenvolvimento psicossexual. Nessa fase o jovem passa da puberdade à maturidade sexual. Por meio da superação do Édipo, o menino identifica-se com o pai e a menina com a mãe. Estabelecem para si uma vida sexual genital como fonte de prazer. Começam se interessar por pessoas fora do âmbito familiar e passam ter consciência da identidade sexual. Veem na relação de prazer com seus pares a procriação.

Toda vivência sexual experienciada pela criança durante a fase do desenvolvimento psicossexual fica reprimida no inconsciente e terá um papel importante durante toda a vida sexual do indivíduo.

Essa sexualidade infantil reprimida volta à consciência por meio das manifestações do inconsciente, através de sonhos, sintomas e transferência.

Na obra “Os três ensaios da sexualidade”, o recalcado é a sexualidade infantil vivenciada pela criança durante o desenvolvimento psicossexual. Guarda em seu cerne o Complexo de Édipo com a angústia e ansiedade da castração.