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Autores pós-kleinianos

Autores pós-kleinianos

Por Júnior Grings - 

Hanna Segal: Depressão no esquizofrênico e notas sobre a formação de símbolos - Muitas vezes se forma um depressivo dentro da posição Esquizoparanóide, através das interpretações das ansiedades persecutórias e suas defesas. Com isso os esquizofrênicos têm acesso à posição depressiva, esse acesso é cíclico e temporário, e que com o decorrer da análise esses ciclos tendem a ser maiores e mais duradores.

Contudo esse núcleo pode ser projetado para o analista via identificação projetiva. A partir daí o analista pode formular interpretações através da contratransferência. 

Outro ponto de destaque neste artigo são as formas de interpretação. A autora na posição esquizoparanóide utiliza objetos parciais e na posição depressiva utiliza objetos totais. O vazio do paciente pode ser insuportável para o analista, e este pode falar simplesmente para acabar com esse silencio. Destaque também para o fato da Hanna Segal não dialoga com o paciente, ela apenas informa o paciente. Assim com ela não interfere no setting, é uma maneira de informar ao paciente que aconteça o acontecer ela no final vai estar ali. 

Já na questão dos símbolos, a autora descreve que símbolo substitui o objeto para o sujeito, todavia, algumas vezes não existe uma clara separação entre sujeito e objeto, e essa separação só pode ser feita quando ansiedades persecutórias forem trabalhadas e sentimentos de inveja superados. Sem essa separação (sujeito e objeto) o símbolo irá se confundir com o objeto e não estar no lugar dele, com isso o símbolo ficará concreto. Deixando claro o papel da identificação projetiva.

Betty Joseph - Identificação Projetiva, Paciente de Difícil Acesso, Transferência e Situação Total, A Inveja na Vida Cotidiana, Mudança Psíquica e Processo Psicanalítico e Relações de Objetos na Prática da Clínica

A identificação projetiva faz parte de uma estrutura. Existe um ponto de equilíbrio nas defesas do ego, onipotência, cisão, idealização identificação projetiva. E mexer com uma dessas estruturas é mexer com todas as estruturas. A identificação projetiva faz parte de um sistema de defesa arcaico, contra a inveja e dependência, tentando apagar a diferença entre o Eu e o Outro. Nessa perspectiva o paciente pode dissolver a interpretação do analista e forma outra interpretação, uma interpretação própria, assim anulando o analista e tirando sua importância. Todas são defesas impiedosas em relação com o objeto. Algumas defesas menos arcaicas com o par Eu-Tu bem estabelecidos. Essas defesas podem levar o analista ao desespero ou desesperança, levando a uma mudança da analise.  

O paciente de difícil acesso tem duas personalidades, uma necessitada (self 1) e outra não colaborativa ou sabotadora (self2). Quando essas partes da personalidade ficam indisponíveis gera uma confusão mental no analista ou uma apatia, com isso o analista não consegue acessar ao paciente. Outra característica é da personalidade não colaborativa é que o paciente fica tentando manipular o analista. Podendo então o analista estar falando sobre o paciente e não ao paciente, ou buscando de forma intelectual esclarecer questões emocionais. O que Betty chamou de intelectualização. 

Outra forma de manipular é tudo ficar muito fácil durante a sessão, não existe trabalho analítico sem conflito. O uso que o paciente faz da situação clinica. Um pseudo atendimento, uma perversão do trabalho analítico. Por isso devemos buscar a personalidade necessitada através do trabalho analítico. 

Tudo que o paciente diz e faz pode ser analisado. A interpretação é algo dinâmico que busca mudança no psiquismo. Com isso devemos ficar atentos as mudanças no consultório. Betty não interpreta o passado se essa interpretação não puder mudar o presente.
 
Uma das formas de manifestação da inveja é a voracidade, arrancar o que o outro tem de bom sem se arrepender. Junto com a voracidade tem a velocidade, fazendo link com adição e drogas, pois, tem respostas rápidas de sensações satisfatórias. Um paradoxo com a questão da dependência. 

O invejoso não pode expressar gratidão, não pode aprender com o outro, ele não intende o analista, tem reação terapêutica negativa, auto interpretação. Outro mecanismo da inveja é a idealização, quanto maior a diferença menor a minha preocupação com a inveja, algo tão bom não pode ser invejado, como algo tão ruim também não pode. Podendo assim confundir com depressão. 

Devemos acompanhar as mudanças do ponto de equilíbrio entre os pontos de equilíbrios da posição esquizoparanóide e posição depressiva. No inícios elas são aleatórias, fora do controle do ego. Mas com as interpretações as mudanças podem ser controladas pelo Ego, uma responsabilização do individuo com as suas mudanças. Aí o analista precisa encontrar a parte do ego que pode se responsabilizar pelas mudanças, e para essa parte dirigir a interpretação, diminuindo as suas projeções. 

A aceitação da realidade é através da projeção e introjeção. Diferente da identificação projetiva que faz borrar a relação do Eu-Outro. O analista é o receptor-mor de todas as projeções. E precisa se incluir na interpretação. 

Roger Money-Kyrle - Contratransferência Normal e Alguns Desvios
A contratransferência normal é quando o paciente transfere via Identificação Projetiva parte do seu self, e via empatia o analista Re-conhece e interpreta essa I.P. para o paciente. Já a contratransferência patológica é quando o analista se identifica com a I.P. e não consegue ficar como observador, passando a atuar e não a interpretar a transferência. Exemplo disso é o Analista enxergar o paciente como objeto persecutório, com contratransferência sádica. Ou então uma reparação onipotente. Também o analista ocupar o lugar do Pai/mãe do paciente. Fracasso também pode estar presente, com um profundo sentimento de culpa e num extremo o analista fazendo identificação projetiva do seu próprio self.  

Irma Brenman Pick - Elaboração na Contratransferência
A interpretação é temida tanto pelo paciente quanto pelo analista, seja ela normal ou patológica. Pois, não é fácil se colocar como observador. Não podemos acolher experiência no setting sem vive-la. Existe uma regressão do paciente na Identificação projetiva, e só há interpretação se houver um reconhecimento, aí o paciente é levado a posição depressiva. Interpretar é estar num lugar ético, porque a interpretação pode ser cruel. O que pode acontecer também é um conluio dentro da analise para se protegerem, ambos (analista e paciente) podem negar conhecimentos desagradáveis. 

Edna O’Shaughnessy - Complexo de Édipo Invisível 
Quando alguns autores começaram a pregar o fim do Complexo de Édipo e Castração, Edna salientou que não foi o fim da importância, e sim que o Complexo de Édipo e Teoria da Castração nunca foram tão importantes. Existe uma cisão da personalidade, onde o self onde está o núcleo do Édipo e Castração, seria o antidoto contra o narcisismo. Existem alguns sentimentos tem origem no Édipo: Exclusão, separação, estar só na presença do outro, cisão sexual, enfim sentimentos relacionados a angustia. 

Herbert Rosenfeld - Uma Abordagem Clínica para a Teoria das Pulsões de Vida e de Morte 
A pulsão de morte livre no sistema psíquico (desfundida) vai desenvolver um Self, ou selfs e dentro deste self podem existir outros selfs, e algum pode ter uma organização narcísica, ou uma gangue. Ao qual estabelece uma relação libidinal. Podem acontecer sabotagens, ameaças a este self, ser até totalmente subjugado ou reação terapêutica negativa. Baseados todas em promessas de plenitude ou de ameaças. Seria uma organização da inveja, ou um self com vida própria.