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Complexo de Édipo - ontem e hoje

Complexo de Édipo - ontem e hoje

Por Mário de Almeida - 

O termo “Complexo de Édipo” deriva de uma tragédia grega escrita por Sófocles, na qual o herói, Édipo, sem saber de sua condição de filho, mata o pai e se casa com a mãe. A criança, por volta dos três anos, na fase fálica, começa a sofrer profundas transformações.

Começa a perceber as diferenças, anatômica entre os sexos e  a demonstrar interesse pelo conhecimento corporal. Começa a localizar o prazer em seus órgãos genitais e a manipula-los. É quando a  criança sente a necessidade de buscar o prazer em um elemento do sexo oposto.

Com a descoberta  do órgão genital dá-se inicio ao Complexo de Édipo. O filho desenvolve um desejo incestuoso inconsciente para com a mãe e um sentimento de intensa rivalidade e hostilidade para com o pai, da mesma forma que a filha desenvolve apego para com o pai e rivalidade para com a mãe.

Tudo isso ocorre no mundo da fantasia. Com a percepção das diferenças sexuais entre os meninos e as meninas  os meninos, que inicialmente pensavam que as meninas teriam um pênis pequeno que iria crescer, logo passam a entender que a menina definitivamente não tem pênis. E isso traz em um primeiro momento um sentimento de superioridade, que no futuro irá gerar um enorme mal-estar. Uma angustia, então começa a ser vivida inconscientemente.

A angústia de castração instala-se porque o menino ao pensar que a menina um dia possuiu um pênis e o perdeu, sofre ao fantasiar que poderá acontecer o mesmo com ele. Todas as "broncas" recebidas (interdições) em função da excitação peniana são revividas angustiosamente, pela possibilidade de vir a perder o seu pênis.

Para o menino em um segundo momento, no plano imaginário, a intervenção do pai  impedindo a concretização de seu desejo, irá possibilitar que ela "entenda" que é o pai, e não ele o objeto de desejo da mãe. É quando resolve-se, para o menino a questão edipiana. Entende que não pode dar a mãe o que ela deseja, porque ela já tem o do pai que é muito maior e mais potente que o dele.

É a saída do Édipo, onde ocorre a identificação com o pai e ele vai procurar uma substituta: a Outra, sua esposa.  Isso se a criança tiver uma mãe que se interessa por outras coisas além dele. Uma mãe que permita a entrada do pai ou de outros substitutos.

Este período é muito importante, pois é a partir da angústia de castração que o menino aceita a lei da proibição imposta pelo pai para salvar o próprio pênis. Precisa renunciar o amor excessivo que tem pela mãe. Temendo a ameaça de castração pelo pai, que tem um pênis maior e mais poderoso, abandona a mãe, deixando para o pai, na esperança que quando crescer arrumará uma substituta.  Quando o menino pela angústia de castração renuncia ao amor pela mãe o complexo de Édipo é desfeito.

A menina não teme a castração pois sente-se já castrada por não ter pênis e também sente que nunca irá crescer um pênis. Então elabora do ponto de vista do complexo que vai querer um e o mais disponível é o do pai. Este é o inicio do Édipo para as meninas. Embora sinta ameaça da mãe sua rival, não a teme, pois não tem medo da castração ao sentir-se definitivamente sem pênis. Odeia a mãe e a culpa por tê-la feito menina e sem pênis, posto estar em plena vivência da inveja do pênis.

Volta-se, então para o pai e na tentativa de ter um pênis e, vive por ele o amor edipiano. Quando o pai faz a recusa, a faz entender que nunca vai ter esse pênis ela sairá do CE  ao buscar em outro o substituto, via de regra um marido. Sem a recusa do pai ela não sairá dessa fase. Ao entender claramente que vive um desejo infinito de possuir um pênis e que nunca irá consegui o do pai, ela será então, capaz de substituir seu interesse pelo órgão pelo amor de um homem portador de um. Esse problemática da menina que sente-se abandonada pelo pai e que vai ter que desistir dele, vai ter que abandona-lo é a base do Núcleo do Reprimido da menina.

Para Freud neste momento edipiano o incesto está acontecendo, pois lá no inconsciente não existe nada que faça com que isso seja censurado. Então, sempre que essas ideias que foram reprimidas e que não consideradas coisas boas aparece são brutalmente reprimidas. O Núcleo do reprimido da menina que é incesto e abandono, pois ela sente-se abandonada pelo pai, ao sofrer a recusa e vai ter que abandona-lo para se resolver, enquanto  que para o menino seria incesto e castração, pois se a ameaça de perder o pênis é terrível a ideia do incesto é intolerável.

O complexo edipiano masculino é resolvido pelo medo que o menino tem da castração e pela identificação gradual com o pai, enquanto o complexo edipiano feminino é resolvido pela ameaça de ser abandonada pela mãe e pela identificação com ela.