Por Alê Esclapes -
Virtualidade e Ciência Social: A maior relatividade da economia é flutuar sobre os sentidos da massa sem conseguir atravessá-la, sem conseguir racionalizar os processos subjetivos com os quais a massa trabalha. Prefere-se falar em 'processos subjetivos' quando se fala em determinação de preço, em valor utilidade como se fosse uma mera quantificação de produtos em consumo.
As relações psicológicas entre o homem e os objetos são tratadas ou de forma obscura, ou de forma meramente matemática. Sob um princípio primeiro de anulação ou aceitação, sob o estigma da escolha dentro do mercado - e aí reside o maior poder do consumidor segundo os economistas - resume-se na maior força das massas. O que se precisa discutir é quais os efeitos dessa dinâmica no corpo social, como o processo econômico age no corpo social, como é influenciado por uma dinâmica social maior a nível arqueológico e como a economia como ciência age sobre esse corpo.
O mercado como forma de transação de mercadoria, tem outras funções sociais que não apenas garantir o bem-estar social (a maior das utopias), mas garantir uma dinâmica social sem precedentes na história. No mercado não adquire-se apenas bens, mas a si mesmo, por um processo de identificação do homem com o produto adquirido; na base de uma identificação o homem perpetua o capitalismo. Não se trata de uma alienação marxista, mas de uma necessidade psicológica. Na pulsão de um desejo por si o homem consome sua atemporalidade através dos objetos, e no próximo instante vê-se sozinho. A massa não se importa de onde ou como venham esses objetos - sua única preocupação é consumi-los. O capitalismo como forma sedutora de si mesmo é a forma de organização econômica mais magnífica que já apareceu, não por si, mas pelo produto comercializado - o objeto tecnológico.
A liberdade do mercado visa não somente garantir um sistema econômico mas também garantir uma possibilidade de identificação. Sem liberdade de escolha não é possível uma interação do homem com os objetos, pois é através dessa liberdade que o homem consegue interagir com esses objetos - é a necessidade de funcionalidade de interação que determina uma necessidade de liberdade de mercado. Quanto mais diversidade de produtos estiverem a disposição no mercado, maiores são as chances de perpetuação do sistema - mas existem outras questões que serão discutidas mais adiante. Os sistemas socialistas não conseguiram esse fenômeno porque não conseguiram propiciar uma interação entre o homem e seus objetos. Um mercado com produtos iguais está fadado ao fracasso; é um retorno ao modelo medieval. É um exemplo que a utopia do bem estar social não funciona na prática.
Somente a saciação das necessidades psicológicas é uma realidade.
A teoria prega que os consumidores com sua liberdade de escolha são os maiores determinantes dos fenômenos de mercado, salvo em outras situações como os monopólios e os oligopólios. Marx coloca que os consumidores são alienados porque desconhecem o real valor da mercadoria que estão adquirindo, por um processo iniciado na produção. Mas não seriam os consumidores também terminais digitais? Fala-se em liberdade de escolha mas esquece-se que só se pode escolher entre aquilo que se encontra a disposição.
Liberdade de escolha só tem valor quando vem acompanhada de liberdade de transcendência. Mas pode-se argumentar que a oferta tenta se moldar à demanda. De qualquer modo os consumidores não passam de terminais digitais, onde respondem a um estímulo pré determinado, e através dessa resposta o mercado realoca seus recursos a fim de manter o sistema. Independente das alienações e das utopias a massa não passa de um conjunto de terminais digitais de consumidores.
O sistema capitalista é uma superestrutura funcional na medida em que fornece uma identificação infinitesimal a massa. É através dele que é possível se desenvolver uma relação estrutural em forma de social com o objeto técnico. A realocação que o mercado sofre não é uma tentativa de tornar-se mais semelhante a massa, mas de servir como espelho dela. O resultado é um simulacro a ser consumido dentro do mercado, que imediatamente depois precisa de outro, indefinidamente. O capitalismo é o consumo da massa por si mesma. A nova face do mercado não é uma forma de alienação, mesmo porque a massa não se importa de ser alienada - a única coisa que lhe importa é ter uma identificação. A utopia não passa de uma forma de identificação a ser consumida. Na imaterialidade do mercado o sistema de identificação social vai se fortalecendo na medida em que as forças de mercado vão evoluindo.
Com o desenvolvimento do sistema capitalista outros sistemas também o foram, como por exemplo, a propaganda. A propaganda é uma forma de identificação de massa, onde esta reflete seus desejos e visões para consigo mesma. A propaganda não mostra nada além dos desejos da massa. Este sistema é uma das formas de identificação desenvolvidos no âmbito social. O sistema de série e modelo é outro. Quando vê-se um Gaultier na passarela não se está interessado na peça em si, mas no que esta pode representar; o que na verdade representa. Existe todo um conceito por trás de um Gaultier que faz com que não se consuma sua peça, mas seus conceitos. E como quanto mais carregado é um conceito menos pessoas o absorvem. A esses conceitos carregados pode-se chamar de modelo, sendo os menos carregados de série. O mesmo conceito que hoje se apresenta nas passarelas é o que se apresentará nas ruas amanhã. Produz-se conceitos para serem consumidos como forma de identificação.
Mas o consumo desses conceitos por si só é incapaz de resolver os problemas de identificação das massas - o regime capitalista não consegue substituir as relações do homem para consigo e para com os seus semelhantes. O objeto técnico proporciona apenas um vislumbre de identificação, um momento extemporâneo. O burguês (e entenda-se toda a sociedade, inclusive os ‘excluídos') é uma presa fácil de ideologias, principalmente aquelas que visam dar um sentido ás massas, a dizer quem elas são, como o nazismo ou o nacionalismo. Mas a dependência que o homem adquiri com os objetos é que cria um eixo de relação entre essa relação psicológica e o sistema capitalista. Faz-se necessária uma análise do desejo e da necessidade.
Na teoria geral econômica existe o conceito de necessidades (ou desejos) ilimitadas (os) - "a economia é, pois, a ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos" Lionel Robbins citado em [ROSSETI, J.,14,56]. Existe basicamente um consenso entre os economistas sobre esses dois pontos, expressando-os de diversas maneiras, mas sempre de maneira clara e concisa. Obscura é a explicação do por que no que tange as Necessidades Ilimitadas. Geralmente acaba na redundância do ‘é porque é', ou porque a observação assim o diz. Primeiramente essa questão de observação está ultrapassada a pelo menos duzentos anos desde Kant e Schopenhauer - definitivamente os olhos não são a via mais adequada para análises científicas, e nem a racionalidade sem a análise do desejo não se apresenta como funcional na busca de uma verdade humana provisória. São as necessidades realmente ilimitadas? Em função do quê essas necessidades são ilimitadas? Difícil falar em necessidades ilimitadas em um corpo que possui necessidades limitadas - comer, beber, dormir e procriar. Mais difícil ainda é falar em necessidades ilimitadas na Idade Média ou explicar porque certas pessoas só tomam Coca-Cola para matar a sede quando precisa-se apenas de água, ou porque procura-se consumir pratos cada vez mais elaborados sendo que o organismo pode consumir alimentos básicos e ficar satisfeito. Maslow não explica a dependência do homem para com os objetos que ele consome; no máximo hierarquiza a realização de propostas de consumo; mas é difícil explicar por Maslow as antenas parabólicas numa favela paulistana. Alienação das massas ou democratização das antenas parabólicas para todas as camadas sociais? O mundo já não é mais o mesmo desde Maslow e os Clássicos (teóricos em economia).
As necessidades que os clássicos se referiam obviamente não podem ser de um nível corporal mas de um caráter cultural. As necessidades econômicas são culturalmente produzidas. Era de pensamento comum na Idade Média uma não valorização do corpo - o que importava era a alma (pensamento Socrático). A sociedade era hermeticamente fechada com cada grupo social responsável por uma função específica (sistema funcional), ou seja, cada um sabia seu papel na sociedade, e era isso que segurava a sociedade, não a ideia do bem-estar social, complemente ausente em tal período. Quando se instaura um sistema capitalista, não existe função social, não existe classe social nos parâmetros da Idade Média, não havia quem orasse por alguém, e começava a se vislumbrar um artefato chamado técnica.
O burguês é um ser sem função social definida - cabe-lhe somente produzir e consumir. Esse período de transição do velho capitalismo para o novo aqui é demarcado pela socialização do objeto técnico, ou seja, do consumo pela massa de objetos artesanais (aqui inclui-se qualquer objeto de funcionalidade simples como um abridor de latas, independente de seu modo de fabricação) para o consumo de objetos técnicos (aqui inclui-se qualquer objeto de funcionalidade complexa, o qual remete sua interpretação por parte do homem para a subjetividade já exposto no Capítulo 2, como um barbeador elétrico ou um rádio), não pode ser analisado de maneira adequada em função da presença ainda forte dos objetos artesanais na maioria da sociedade. Mas o caráter de transferência da necessidade de identificação de um aspecto social (posição funcional na sociedade) para os objetos já era possível ser visualizado, pois não só o objeto técnico é revestido de conceito, mas os chamados ‘modelos' também o eram. Essa transferência se democratiza com o objeto técnico.
Uma necessidade que antes não era ilimitada, passa a sê-la por uma falta de identificação social das massas. Inaugura-se o modelo de necessidades ilimitadas, sendo o papel do projeto ‘social' assegurar a seus integrantes o acesso a esses bens. A democracia desses conceitos foi o berço da economia, que na soleira dessas transformações sociais foi encarregada de executar tal tarefa, estudando a produção, circulação e consumo das riquezas (leia-se aqui dos objetos). A economia nasceu com as necessidades ilimitadas por objetos (que anteriormente eram canalizadas para a alma).
A Economia do Sentidos
Não se pode fazer uma única análise do capitalismo, como se fosse um todo histórico único. Mesmo que seus mecanismos básicos não tenham se modificado substancialmente, os outros elementos que envolvem o sistema se modificaram radicalmente, principalmente no que tange ao sistema diferencial da técnica. Com o desenvolvimento da tecnologia, cada vez mais os consumidores foram enviados para um nível subjetivo de relação com os objetos consumidos, culminando esse processo no aparecimento da propaganda moderna - pois essa vende essencialmente aquilo que o objeto não tem, dando-lhe um sentido. Esse movimento não seria possível se o homem não estivesse apto a trabalhar com esse sistema. O que interessa é que a massa cada vez mais foi levada a trabalhar a um nível subjetivo. E é nessa subjetividade que o mundo começa a girar como forma de interpretação. A interpretação do mundo gira cada vez mais em torno de uma irrealidade. Trata-se de uma virtualidade do mercado, ou seja, o mercado vive mais da irrealidade dos materiais que de sua materialidade. Todo o espaço urbano é assim recortado, com uma virtualidade que só se justifica por ela mesma.
Os consumidores são assim transformados em terminais digitais virtuais. Consomem a irrealidade da propaganda, ocupam o espaço urbano com o objetivo de identificação de uma suposta posição social - tudo por um sentido de vida. E cada vez mais é preciso consumir, é preciso identificar-se, quer seja pelo fim programado dos objetos, quer seja por um novo ciclo psicológico de necessidade, quer seja para manter vivo o sistema. A liquidez e a virtualidade vão tomando conta do sistema capitalista. Todos os seus instrumentos vão adquirindo esse estado virtual e líquido. Não é mais necessário sair de casa para fazer compras, o dinheiro que já era a imaterialidade da mercadoria é substituído por cartões - cada vez mais é a imaterialidade do imaterial. Agregue-se a esse fato que a cada vez mais esses instrumentos precisam girar, precisam entrar em estados de liquidez acelerando cada vez mais esse estado virtual, que por sua vez exige maior liquidez. Virtualidade e liquidez fazem o eixo que hoje move o capitalismo.
Essa virtualidade e essa liquidez fizeram uma coisa que Marx não previa. Afinal não ganharam nem proletário e nem burguesia. Ganhou o capital. O capital que circula hoje no mundo, sem nacionalidade definida, é que efetivamente ganhou. E mais - o volume de capital que gira hoje no mundo é tão grande que não pode mais retornar aos seus países de origem. Se o volume de dinheiro que circula retornasse a seus países de origem, a crise monetário-financeira nesses países seria tão grande que se configuraria uma catástrofe. Esse capital orbita pela terra e seu lugar é justamente esse. O capital não precisa mais do velho burguês para gerá-lo, o faz por si s ó flutuando pelas bolsas de valores do mundo.
As necessidades também são outras: ‘excluídos' são aqueles que não tem acesso a essa virtualidade. O projeto do bem estar social é muito bonito, mas pouco prático e muito idiota. A massa não quer bem estar social, quer um sentido que possa ser consumido. Talvez infra-estrutura básica e distribuição de riquezas sejam importantes, mas basta um olhar para uma megalópole como São Paulo para se observar que no frio desprezo social de ambas as partes (ricos e pobres) não pode residir nenhum projeto de social e sim de integração numa ordem superior, como por um pedido agonizante de existência, de sentido. Estar antenado no mundo consumindo um sentido é mais importante para um favelado que infra-estrutura básica. Economia dos sentidos.
A Morte
A democratização de um nível médio de tecnologia associados a um conceito de consumo de níveis relativamente baixos de conceitos são responsáveis por um dispêndio cada vez maior para tornar-se uma igualdade na base do consumo em uma diferença funcional. O exemplo clássico das latas de massa de tomate em uma prateleira de supermercado ilustra bem o conceito: o que diferencia as diversas latinhas vermelhas nas estantes de supermercado? Óbvio que existe a questão do preço e qualidade, mas tem algo mais como ‘O elefante mais amado do Brasil', ou a ‘Pura polpa de tomates' ou algo parecido. Existe aí um dispêndio de energia que visa tornar esses produtos aparentemente iguais em diferentes. Não existe funcionalidade na igualdade, porém o capitalismo sobrevive da funcionalidade. Como o sentido contido nos objetos tende a atender um número cada vez maior de consumidores, este conceito tende a ser cada vez mais vazio, ou com um conteúdo menos complexo. Este fenômeno tende a acelerar a igualdade desses produtos na base do consumo, necessitando portando de um dispêndio cada vez maior de energia para diferenciá-los.
A luta da propaganda é diferenciar iguais. O cérebro humano trabalha não com uma relação de igualdade, mas com uma relação de diferença. É essencial que os elementos sejam diferentes. Todo uma estrutura social é posta em marcha para tornar que essa grande massa seja constituída de elementos diferentes, não em sua realidade absoluta, mas num mundo de aparências, em um mundo virtual. O mercado nesse caso passa a operar de forma virtual, trabalhando de forma a dar um sentido funcional único a seus constituintes. Mais importante que o próprio produto é o no que ele pode diferenciar seus consumidores. A etiqueta da Zoomp vale mais que a peça que a ostenta, e em alguns casos mais que uma vida. Existe uma carência social por sentido, e o produto que conseguir proporcioná-lo com maior eficiência a seus consumidores, terá um valor maior que seus concorrentes. A relação entre custo e valor final do bem tende a ficar cada vez maior em certos produtos, não em relação a uma exploração via mais-valia, mas pela agregação da variável ‘sentido social'. E esse fenômeno tende a tomar conta do mercado, mesmo nos produtos destinados às camadas mais baixas da população - esses ‘produtos conceituais' tendem a dividir o espaço na vida dessas pessoas juntamente com outros produtos (e o esgoto a céu aberto).
Assim como o produto cultural é levado a um patamar cada vez mais baixo como já foi anteriormente discutido, essa relação entre conceito agregado ao objeto e a cultura tendem a um patamar mais diminuto de absorção de identidade pela massa. Esse fenômeno acelera a liquidez na base do sistema, sendo cada vez mais necessário a grande massa estar antenada, pois "a esperança não vem do mar, mas das antenas de TV" [ALAGADOS, 44]. São as parabólicas na miragem social da favela que simbolizam hoje esse fenômeno. Na falta de identificação que o social capitalista traz, no vazio de uma cultura desprovida de passado e de futuro cada vez mais curto, os indivíduos (os mesmos de Adam Smith) possuem um mundo em que devem lutar por um indivíduo que torna-se cada vez mais rarefeito pela carência social de sentido. É o paradoxo do indivíduo moderno - ser alguém no mercado ao mesmo tempo que é empurrado pelo mesmo mercado a ser ninguém.
O mesmo sistema que fez surgir essas figuras - ‘Homo-Economicus', a Ciência Econômica, o bem estar social - condenou-os ‘a priori' ao fim por uma carência de sentido. O fim é a ausência de sentido.
O Capitalismo Perdido
O capitalismo possui no indivíduo ou sujeito seus alicerces. É no individualismo, na igualdade de oportunidades desse sujeito, é no bom egoísmo, que se encontram suas bases. Como se verificou, existe toda uma tecnologia para a produção desse sujeito, quer como objeto social, quer como objeto científico, e que no sistema capitalista adquiri uma dinâmica particular na história. No estudo do objeto tecnológico observa-se que o sujeito passa a ser produzido e consumido dentro de um sistema endógeno ao capitalismo, determinante de fenômenos econômicos modernos como a catalisação das necessidadesiIlimitadas para os objetos de consumo.
Analisando a relação homem / objeto de consumo, verifica-se que a partir das mudanças ocorridas nesse objeto - mudança de objeto tradicional para objeto tecnológico - uma nova relação psicológica de identificação, ou uma transferência ocorre dos homens para os objetos, determinando uma necessidade de consumo cada vez maior desses objetos, e paradoxalmente, estes não conseguem substituir as relações humanas, gerando um burguês que naturalmente não possui nem a si e nem aos objetos de consumo por inteiro. Outro fenômeno ocorrido diz respeito ao fato do consumidor ser transformado em um terminal digital de sensações, ou seja, o objeto tecnológico somente permite uma relação com ele pré-definida, restando ao consumidor adaptar-se a ela.
Através de uma análise do consumo do Produto Cultural, ou Cultura como forma de identificação do indivíduo, verifica-se uma diminuição cada vez maior tanto da qualidade quanto volume de material disponível na cultura para a identificação do sujeito, ou seja, uma desintegração da Cultura. Analisando o fenômeno globalmente, verifica-se que a massa, sem material para identificar-se, comporta-se como um ‘buraco negro' de sentidos. Esse fenômeno não só causa uma Hiper-Realização do Sistema Capitalista pela catalisação das Necessidades Ilimitadas nos objetos de consumo, como paradoxos sociais como o gasto cada vez maior de recursos para diferenciar àquilo que endogenamente dentro do sistema vai se tornando igual, desintegrando-se, bem como a implosão do próprio sentido do Social.
O burguês produzido dentro de um sistema, na medida em que esses instrumentos de produção ou, mais especificamente, o produto que visa ser um parâmetro de identificação para o burguês - o ‘outro' - alocam-se em um espaço virtual, o burguês e o Sistema Capitalista tendem a ocupar um espaço virtual. Esse fenômeno determina a demanda pelo consumo de uma virtualidade, ou seja, dentro do mercado o valor subjetivo tende a uma supervalorização, e meios de comunicação cada vez mais virtuais como a Internet tendem a predominar. Em função disso, qualquer problema na área de comunicação de massa, ou uma ocorrência que impeça o sistema de identificação virtual global de funcionar, caracterizam uma catástrofe (tanto econômica quanto social).
O que se verifica é que o eixo formado entre Sistema de Produção (objeto técnico) / Sistema de Consumo / Cultura, no que tange a produção do Sujeito ou Indivíduo, catalisa as Necessidades Ilimitadas culturalmente produzidas nos objetos de consumo, bem como tende cada vez mais a aniquilar esse Sujeito pela carência de sentido endogenamente produzida. O capitalismo que nesse sentido possui sua existência firmada no Indivíduo, paradoxalmente, extingue-o em seu processo de produção/consumo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
I.I OBRAS GERAIS
(01) ABBAGNANO, Nícola. Dicionário Filosófico. Trad. Alfredo Bosi. 2. Ed. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
(02) DURANT, Will. A História da Filosofia. Trad. Luiz Carlos do Nascimento Silva. Rio de janeiro: Nova Cultural, 1996. (Coleção os Pensadores).
(03) GAY, Peter. A Experiência Burguesa da Rainha Vitória a Freud: Volume 2 - A Paixão Terna. Trad. Peter Salter. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
(04) ------------------. A Experiência Burguesa da Rainha Vitória a Freud: Volume 3 - O Cultivo do Ódio. Trad. Sérgio G. de Paula e Viviane L. Noronha. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
(05) KWASNICKA, Eunice Lacava. Introdução à Administração. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 1991.
(06) MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. Trad. Roberto Leal Ferreira e Álvaro Cabral. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
(07) SALOMON, Délcio Vieira . Como Fazer Uma Monografia. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
(08) SANDRONI, Paulo (Org.). Dicionário de Economia. São Paulo: Editora Best Seller: 1989.
(09) SEVERINO, Joaquin Silvério. Metodologia do Trabalho Científico. 19. Ed. São Paulo: Editora Cortez ,1993.
(10) PADOVANI, Umberto & CASTAGNOLA, Luís. História da Filosofia. 16. Ed. São Paulo: Melhoramentos, 1994.
I.II OBRAS DE TEORIA ECONÔMICA.
(11) MARX, Karl. O Capital. Trad. G. W. Morgado. São Paulo: Ediouro, (198-)
(12) MALTHUS, Thomas Robert. Ensaio Sobre a População. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Coleção Os Economistas)
(13) REZENDE FILHO, Cyro de Barros. História Econômica Geral. São Paulo: Contexto, 1991.
(14) ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 15. Ed. São Paulo: Atlas, 1991.
(15) SMITH, Adam. Uma Investigação Sobre a Natureza e Causa da Riqueza das Nações. Trad. Norberto de Paula Lima. São Paulo: Ediouro, (199-).
I.III OBRAS TEÓRICAS ESPECÍFICAS
(16) BAUDRILLARD, Jean. América. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
(17) ---------------------------. À Sombra das Maiorias Silenciosas. Trad. Suely Bastos. 4. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
(18) -----------------------------. A Transparência do Mal. Trad. Estela dos Santos Abreu. 2. Ed. Campinas: Papirus, 1992.
(19) ---------------------------. Da Sedução. Trad. Tânia Pellegrini. 2. Ed. Campinas: Papirus, 1992.
(20) ----------------------------. O Sistema dos Objetivos. Trad. Zulmira Ribeiro Tavares. São Paulo: Perspectiva, 1993.
(21) COSTA, Jurandir Freire. A Face e o Verso: Estudos Sobre o Homoerotismo. São Paulo: Escuta, 1995.
(22) ECO, Umberto. Tratado Geral de Semiótica. Trad. Antonio de Pádua Danesi e Gilson C. C. de Souza. 2. Ed. São Paulo: Perspectiva, 1991.
(23) FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. Trad. Luís Felipe Baeta Neves. 4. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
(24) -------------------------------. As Palavras e as Coisas. Trad. Salma Tannus Muchail. 6. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
(25) -------------------------------. História da Sexualidade: A Vontade de Saber - vol. 1. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquer- que & J.A. Guilhon Albuquerque. 11. Ed. Rio de Janeiro: Graal, 1993.
(26) -------------------------------.-------------------------------: O uso dos Prazeres - vol.2. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. 7. Ed. Rio de Janeiro, 1994.
(27) -------------------------------.-------------------------------: O Cuidado de Si - vol. 3. Trad. Maria Thereza da Costa. Ed. Rio de Janeiro, (199-).
(28) --------------------------------. Microfísica do Poder. Trad. Ro- berto Machado. 11. Ed. Rio de Janeiro: Graal, 1993.
(29) GIANNOTTI, J.A. Apresentação do Mundo: Considerações So- bre o Pensamento de Ludwig Wittgeinstein. São Paulo: Com- panhia das Letras, 1995.
(30) GRAMSCI, Antonio. Os Intelectuais e Organização a da Cultura. Trad. Carlos Nelson Coutinho. 9. Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995.
(31) KANT, Emmanuel. Crítica da Razão Prática. Trad. Afonso Bertagnoli. Rio de Janeiro: Ediouro (199-).
(32) ----------------------------. Crítica da Razão Pura. Trad. J. Ro- drigues Mereje. Rio de Janeiro, Ediouro (199-).
(33) KAPLAN, &. ANN (Org). O Mal-Estar no Pós-Modernismo. Trad. Vera Ribeiro. 00 Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
(34) NÉRICI, Imídeo Giussepe. Introdução à Lógica. 9. Ed. São Paulo: Nobel, 1985.
(35) NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. A Geneologia da Moral Trad. A.A. Rocha. Rio de janeiro: Ediouro, (198-)
(36) ---------------------------------------------------. Além do Bem e do Mal. Trad. Márcio Pugliesi. Rio de janeiro: Ediouro, (198-)
(37) PARKER, Richard G. Corpos, Prazeres e Paixões. Trad. Maria Therezinha M. Cavallari. São Paulo: Best Seller, 1991.
(38) SCHOPENHAUER. O Mundo Como Vontade e Representação. Trad. Heraldo Barbury. Rio de Janeiro: Ediouro, (199-)
(39) WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus Logico-Philosophicus. Trad. Luiz Henrique Lopes Santos. 2. Ed. São Paulo: Edusp, 1994.
II.I REFERÊNCIAS CINEMATOGRÁFICAS
(40) ATÉ O FIM DO MUNDO (UNTIL THE END OF THE WORLD). Alemanha/França/Austrália, 1992. Direção Win Wenders. Produção Jonathan Taplin e Anatole Dauman.
(41) BLADE RUNNER - O CAÇADOR DE ANDRÓIDES (BLADE RUNNER). EUA, 1982. Direção Ridley Scott. Produção Michel Deeley.
(42) ENIGMA DO OUTRO MUNDO (THE THING). EUA, 1984. Direção John Carpenter. Produção David Foster e Lawrence Turman.
(43) 2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO (2001 - A SPACE ODYSSEY). Inglaterra, 1966. Direção e Produção Stanley Kubrick.
III.I REFERÊNCIAS FONOGRÁFICAS
(44) ALAGADOS. Os Paralamas do Sucesso. Brasil, 1987. Letra Herbert Viana. Produção EMI-Odeon Fonog. Ind. e Eletr. Ltda.
(45) UNTIL THE END OF THE WORLD. U2 . Irlanda, 1991. Letra Bono. Produção Daniel Lanois e Brian Eno. Tema do filme Até o Fim do mundo.
http://www.artigonal.com/psicologiaauto-ajuda-artigos/a-producao-do-sujeito-no-sistema-capitalista-a-virturalidade-do-sistema-3867001.html
1Psicanalista, facilitador, escritor e diretor da Escola Paulista de Psicanálise-EPP e do Instituto Melanie Klein-IMK. Autor do Livro: A pobreza do Analista e outros trabalhos 1997-2015 e também Organizador da Coleção Transformações & Invariâncias (atualmente no 5º Vol.). Realiza atendimentos presenciais e on-line.